segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

...O SIGNIFICADO DO IGBÁ de um ORISÁ.....

...O SIGNIFICADO DO IGBÁ de um ORISÁ.....


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

....LILITH OU EVA ?????

LILITH OU LILIATH 















A Encantada Deusa Lunar











































Mulheres: Profanas, Sagradas , Humanas.
Antes de se iniciar qualquer discussão a respeito do ciúme é necessário falar sobre o ser feminino, o ser masculino e as relações existentes entre eles. Abordar-se-ão neste capítulo as formas que essas relações assumem, dando-se ênfase sempre na questão feminina. Partir-se-á do mito judaico de Lilith e sua relação com Adão e Eva, estruturando-se desta maneira um esboço cultural patriarcal acerca do feminino. Apresentar-se-á em seguida um breve histórico acerca da constituição dos papéis destinados à mulher, da família e do matrimônio até a relação homem x mulher no século XX e XXI.
1.1. Lilith: Feita do mesmo Pó.
De acordo com Chevalier (2001) e segundo a tradição cabalística, Lilith seria o nome da mulher criada antes de Eva e ao mesmo tempo em que Adão, não de uma costela do homem, mas ela também diretamente da terra. Somos todos iguais, dizia a Adão, já que viemos da mesma terra. A esse respeito discutiram os dois e Lilith, encolerizada, pronunciou o nome de Deus e fugiu para começar uma carreira demoníaca. Lilith tornar-se-á inimiga de Eva, a instigadora dos amores ilegítimos, a perturbadora do leito conjugal, porém, mais importante ainda, Lilith representa a primeira reação feminina ao domínio masculino.
Apesar de ter sido expurgada do gênese pelos editores bíblicos, pois segundo a tradição judaica, estes procuraram adequar o livro sagrado aos valores e padrões morais de sua época (os valores já patriarcais), segundo Laraia (1997) por volta do século 4 a.c, o mito de Lilith não desapareceu por completo, chegando ao nosso século através de rituais esotéricos, livros ocultistas, artigos científicos e monografias que exploram a pluralidade feminina na história.
”Existe, contudo, uma outra interpretação, que nos parece mais fascinante, a de que, a exemplo do que foi feito com os animais, Deus teria criado um casal: Adão e uma mulher que antecedeu a Eva. Esta mulher primordial teria sido Lilith[1], figura bastante conhecida da antiga tradição judaica. Lilith não se submeteu à dominação masculina. A sua forma de reivindicar igualdade foi a de recusar a forma de relação sexual com o homem por cima. Por isso, fugiu para o Mar Vermelho.” (Laraia 1997, p.150)
Após ter se tornado um demônio feminino, em contraponto com a figura de Eva, Lilith era representada segundo essas velhas tradições judaicas, como sendo uma figura sedutora,de longos cabelos, que voava à noite, como uma coruja, para atacar os homens que dormem sozinhos. (Laraia, 1997). Por vezes, Lilith atacava mesmo os homens casados e, para Combatê-la, os judeus desenvolveram rituais elaborados na cabala para bani-la de suas casas.
Para Chevalier (2001) a persistência no mito de Lilith e sua sobrevivência nos dias atuais persistem no fato de que ela representa a mulher desdenhada ou abandonada por causa de outra – no caso Deus a substituiu por Eva. Porém, segundo Laraia (1997), Lilith agiu para evitar ser dominada pelo homem e seus conseguintes sendo desse modo, uma vingança contra esta tentativa de submissão.
Concordamos com Laraia (1997), pois o mito de Lilith parece-nos uma reação ao domínio e subjugação de Adão. Esta representa a mulher que não permitiu ser dominada pelo homem, já que estes eram iguais, frutos da mesma terra, do mesmo solo, sem nenhuma hierarquia. Lilith optou – pois tinha este direito junto a Deus – por uma vida amaldiçoada sob a forma de um demônio noturno, do que ser subjugada. Já que é bastante significativo que Lilith não ataque as mulheres, com exceção apenas das noivas (Laraia, 1997). Chevalier, em seu dicionário de símbolos diz que Lilith está associada ao ódio contra a família, contra os casais e contra os filhos; evocando ainda a imagem trágica das Lâmias gregas, símbolo da inveja da mulher que não tem filhos, condenada a diariamente arrancar e recolocar os olhos para enxergar a felicidade alheia e condenada a nunca dormir, punida por sua traição com Zeus, contra Hera rainha do Olimpo e esposa ciumenta do Rei dos Deuses (Chevalier, 2001).
Lilith foi retirada do texto sagrado, mas deixou uma sucessora na matéria de desobediência. Apesar de esta ter sido moldada ao gosto da sociedade patriarcal: Eva.

[1] Lilith é usualmente derivado da palavra Babilônica/Assíria Lilitu `um demônio feminino ou um espírito do vento, parte de uma tríade mencionada nas invocações mágicas babilônicas. Mas aparece mais cedo como Lilake em uma inscrição Sumeriana do ano 2000 a.C. que contém a lenda `Gilgamesh e o Salgueiro’. É uma demônia vivendo em um tronco de salgueiro vigiado pela deusa Inanna (Anath) em uma margem do Eufrates. A etmologia do hebreu popular parece derivar Lilith de layl, noite, e ela freqüentemente aparece como um monstro noturno peludo no folclore Árabe.” (Graves e Patai, 1983, p.68).
1.2. Eva: Feita de uma costela.
O perigo que a mulher representa para a sociedade fundada nos princípios patriarcais judaico-cristãos não estava completo com o mito de Lilith. Sua simbologia complementaria seu significado através da figura de Eva. Desta vez, não feita do mesmo pó, mas sim a partir de uma costela retirada do próprio Adão.
Conforme a narrativa do Gênesis, durante o sono de Adão é que ela foi tirada de uma de suas costelas: daí a crença na subordinação da mulher ao homem. Eva é considerada a primeira mulher, a primeira esposa. (Chevalier, 2001). Podemos notar que Eva foi moldada exatamente como as exigências da sociedade patriarcal. A mulher feita a partir de um fragmento de Adão. É o modelo feminino permitido à mulher pelo padrão ético judaico-cristão. A mulher submissa e voltada ao lar, literalmente a mãe de toda a humanidade.
Eva, denominada por Adão “a mãe de todos os seres viventes”, é mais fácil de ser subjugada porque não foi feita como ele do pó, mas de uma parte dele. Entretanto, ela também demonstrou a sua capacidade de ser perigosa (Laraia, 1997).Segundo a tradição patrística, Adão e Eva antes de comerem o fruto do Bem e do Mal estão cobertos de um manto de incorruptibilidade (Chevalier, 2001). Seus apetites inferiores são submissos à razão e eles vivem em harmonia.
Eva, porém, à sua maneira, repetiria o gesto de rebelião de sua antecessora. Deus tinha permitido ao homem comer todas as frutas do jardim, com apenas uma exceção ”Mas da árvore da ciência do bem e do mal, d’ela não comerás; porque no dia que d’ela comeres, certamente morrerás” (Gen. 2:2-17). É exatamente esta interdição que é rompida por Eva.
Ao ser seduzida pela serpente, desobedeceu a ordem de Deus de não comer do fruto proibido e convenceu ao homem a fazer o mesmo: “Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi” – (Gên. 3:1-12) condenando a toda humanidade a sofrer com a morte, a dor e a fome. Para Laraia (1997), a versão canônica é que a mulher assim procedeu tentada pela serpente, sob a alegação de que o consumo da fruta proibida a tornaria tão poderosa como Deus. Acreditando na pérfida serpente, Eva comeu do fruto proibido e convenceu o seu companheiro a fazer o mesmo. A punição por este ato de desobediência original foi a perda da imortalidade, a expulsão do paraíso e a ruptura da aliança com Deus. A partir de então os homens tornaram-se mortais, sofrendo todos os tipos de sofrimentos e prostrações. Desse modo, na cultura patriarcal, Eva designará a mulher, sinônimo da concupiscência, pecadora que caiu em tentação e é responsável por todos os males do mundo. Adão será sinônimo do homem e do espírito, inabalável em seus ideais, corruptível somente pela tentação despertada pelo ser feminino.
“Estruturalmente, Lilith e Eva cometeram o mesmo crime, o da desobediência ao Senhor e foram punidas da mesma forma: Todos os dias, por toda a eternidade, Lilith, “a mãe dos demônios” tem que se conformar com a morte de 100 lilim; da mesma forma, Eva é a responsável pela morte de todos os seus descendentes que poderiam ser imortais se continuassem a viver no Paraiso.” (Laraia, 1997. p.05)
No mito de Lilith, feita do mesmo barro e criada na mesma época que Adão,temos a representação do feminino como algo perigoso e pertubador. Uma agitadora que, não aceita as regras impostas pelo parceiro – como ficar por baixo na relação sexual. Ao se rebelar contra Adão foi castigada sendo impossibilitada de ter uma vida “humana”, passando a viver, segundo o mito como um demônio, e é o seu caráter demoníaco que leva a mulher a contrariar o homem e o questionar em seu poder (Chevalier, 2001).
No mito de Eva, feita de uma costela e criada quando este se achava sozinho, temos a representação do feminino como subjugada e não confiável. Através da sedução deixou-se tentar e tentou seu companheiro, rompendo a barreira da obediência, e com isso acarretando o grande problema da subordinação feminina às vontades e desejos do homem. Eva foi castigada por seu pecado original a verter sangue todos os meses e a seus descendentes nascerem pecadores.
Durante séculos a mulher foi vista e tratada como inferior – visão que continua em voga em determinados lugares e culturas. Segundo o médico Eliezer Berenstein (2000) a visão na idade média era de que devido ao pecado de Eva “A mulher era uma criatura pecadora, que deve ser severamente ou até violentamente controlada e, se mesmo assim não resolver, ser queimada durante a menstruação.” (p.62)
Millor Fernandes (1972), ao abordar o tema de Adão e Eva em seu Livro Esta é a verdadeira história do Paraíso, mostra-nos uma conversa de Deus com Eva, representada em seus diversos papéis e funções no seguinte trecho:
“Olha Adão enquanto dorme; é teu. Ele pensará que és dele. Tu o dominarás sempre. Como escrava, como mãe, como mulher, concubina, vizinha, mulher do vizinho. Os deuses, meus descendentes; os profetas, meus public-relations, os legisladores, meus advogados; proibir-te-ão como luxúria, como adultério, como crime, e até como atentado ao pudor! Mas eles próprios não resistirão e chorarão como santos depois de pecarem contigo; como hereges, depois de, nos teus braços, negarem as próprias crenças; como traidores, depois de modificarem a Lei para servir-te. E tu, só de meneios, viverás.” (pág. s/nº)
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Comentarios

comentarios para “lilith e eva”
  1. Em retrospectos cabalísticos, Lilith é a manifestação Adâmica (que ainda NÃO era macho…) primeira (pois é para ele criada) e Eva a segunda manifestação.
  2. Com entendimento:
    Adão, o Primeiro, ainda era Apolar (Gênesis 1:27 “Elohim criou o homem à sua imagem, à imagem de Elohim ele o criou; criou-os macho e fêmea”, notando que ainda não criara Eva, nem Lilith até aqui…), masculino e feminino, isto é, uno.
    Na Árvore Cabalística particular da criação humana, aí está Kether. Quando Lilith (a Noite) é criada, temos o excesso de energia de Kether liberados em busca do dual, mas ainda não encontrado, ou seja, Kether em Qliphot, o nascimento da primeira esfera infernal.
    (Pois o mal é criado do excesso do bem, e as Qliphot são realizadas na medida em que a energia temporariamente desbalanceada de uma esfera propulsiona-se à extravasar na criação de sua sequência. Tanto que Malkuth, que nada emana, não possui uma versão Qliphótica, senão em si mesma)
    Quando Eva nasce, ela se biparte de Adão, de uma costela, e assim, completa-o em sua dualidade, ela é a fêmea para ele ser o macho, e Adão se torna masculino (ou seja, positivo) e Eva feminina (ou seja, negativa). Note que aqui surge a polaridade, Hockmah, mas também a Tri-Unidade: “Por isso o homem deixa seu pai e sua mãe para LIGAR-SE à sua mulher, e se tornam uma só carne” (Gênesis 2:24), ou seja, Binah.
    Considerando FORA da Árvore Particular de nossa evolução elemental, contudo, devemos o entender: feminino, negativo; masculino, positivo; isto é, entender positivo e negativo como as qualidades deles, em sentido ESTÁTICO, não DINÂMICO… A Mãe é Positiva e o filho, Negativo, pois a ela se submete. O Pai é positivo, e a filha, Negativa, pois a ele se submete. E Marido e Mulher são tanto Negativos quanto Positivos, pois são “UMA SÓ CARNE”… Sem diferenciação de superior ou inferior (que a burrice faz entender como positivo/superior e negativo/inferior Deus sabe porquê… ¬¬³)
    A mulher domina quando é negativa. Sempre que se torna positiva, isto é ativa, e não reativa, ela perde… A história prova. xD
    As melhores Rainhas sabem disto. ;)




..PORQUE FAZER EBÓ?????




Qual o significado de um ebó ???

          O termo ebó (ẹbọ) tem pelo menos 2 significados práticos. O primeiro quando é usado para denominar um processo de limpeza, chamado também de sacudimento por muitos. O segundo quando é usado genericamente para o ato de fazer uma oferenda e as vezes para a oferenda em si, não importando se esta oferenda é uma comida ou sangue. A palavra ebó (ẹbọ) – significa sacrifício e devemos entender isso de uma forma ampla e não somente o que requer sangue.
O ebó (ẹbọ) uma oferenda a ser feita para os ancestrais ou orixá (òrìṣà) em agradecimento por benção recebidas ou na intenção de resolver problemas ou obstáculos, abrir portas e oportunidades. Os itens normalmente se compõe de itens comestíveis como frutas frescas, água, bebidas destiladas, mel e azeite. Além disso o ebó (ẹbọ) pode conter outros itens como dinheiro, roupas, búzios e ervas. Alguns tipos de ebó (ẹbọ) são colocados dentro de casa e outros devem ser colocados no tempo.
          Ebó (ẹbọ), é assim uma oferta ritual, um forte elemento e o motivo final do processo de consulta ao oráculo. Ele tem uma função central no processo de consulta. O ritual de oferta consiste de uma liturgia elaborada com objetivo de apresentar uma comida e bebida através dos quais o homem manipulará e usará para intermediar com as divindades em seu próprio benefício. O relacionamento entre os seres humanos e as divindades é expressado e obtido através da execução de rituais e liturgias, e isso ocorre em qualquer religião sendo essa, a ritualização, a base da necessidade e existência das religiões uma vez que a sua razão é a ligação entre o homem e o divino.
          A colocação ou citação do oráculo como parte do processo de um ebó (ẹbọ) é intencional, em se tratando de Candomblé ou de Ifá, não existe sentido em se estabelecer a necessidade de se fazer um ebó (ẹbọ) sem que o oráculo esteja envolvido.
          Estamos tratando de uma processo de transmissão, equilíbrio e reposição de axé (àṣẹ) através de orixá (òrìṣà) e com a interferência de um “operador” qualificado o sacerdote, dessa forma a necessidade disso, a composição, local, etc. tem que ter sido definido através do oráculo, é assim que as coisas funcionam.
          Os rituais e litugias conectam o mundo físico ao mundo espiritual de forma a trazer harmonia e equilíbrio para o nosso dia a dia. A realização das liturgia e rituais através do ebó (ẹbọ) re-ordena e corrige o relacionamento entre a divindade e o homem trazendo o equilíbrio que se deseja.
          Segundo Abímbọ́lá, todo conflito no cosmo Yorùbá pode ser eventualmente resolvido através do uso do ebó (ẹbọ). O sacrifício é a rama que traz a solução e tranquilidade ao universo e que ordena os problemas do dia a dia.
          Quatro coisas são importantes para a eficácia de um ebó (ẹbọ). A primeira é o correto uso de cada elemento ritual que é especificado para o odù que foi revelado na consulta ao oráculo. Segundo isto tem que ter objetivo e propósitos reais e sinceros. Terceiro, tem que ser espiritualmente tratado por sacerdotes. Quarto, existe a necessidade de existir uma integração entre o sacerdote, o consulente e as forças espirituais que serão movimentadas para se obter o resultado desejado. Mais ainda, quando este relacionamento é próximo, as ervas, se forem necessárias, irão curar de fato.
          Algumas vezes o ebó (ẹbọ) não virá na forma de uma oferenda física, mas sim através de regras de comportamento e proibições. Por exemplo, não frequentando alguns lugares, não consumindo determinado tipo de alimento, não fazendo determinado tipo de tarefa ou comportamento, adotando uma rotina de rezas, etc..          Uma parte muito importante de um ebó (ẹbọ) é se determinar a quantidade de tempo que ele vai ficar exposto e o local onde será colocado depois. Alguns Odú podem permitir colocar seu ebó (ẹbọ) em uma lixeira, mas normalmente algum lugar da natureza poderá ser a melhor escolha. Esta definição é parte do processo do oráculo.
          Mas em relação a seu significado o mais importante é entender que o ebó (ẹbọ) é mais do que um conjunto de itens físicos. Ele é parte de um sistema de forças e energia que é movimentado no momento em que se inicia a consulta ao oráculo, quando olódùmarè se utilizará de Orunmilá (ọ̀rúnmìlà) e de seus ministros, os orixá (òrìṣà) e ancestrais, para poder mudar ou corrigir uma determinada situação, e neste processo, exu (èṣù) é o elemento transportador de energia, ou axé (àṣẹ). Assim todo o conjunto espiritual que compõe os fundamentos da religião se movimentam através de uma simples consulta a Ifá, ou seja, um jogo de búzios.
          Não podemos entender o significado de um ebó (ẹbọ) se não compreendermos este sistema metafísico que está envolvido e suas diversas engrenagens. O oráculo diagnostica e nos remedia através de odù que recebemos no Opon (ọpọ́n). O odù serve para nos indicar o que existe em torno de nós, como uma mensagem, e também para nos trazer a energia bruta que será manipulada para resolver o problema. O odù é assim como se fosse uma “célula tronco” que através do olhador, das rezas e encantamento e do ebó (ẹbọ) será manipulado para se resolver o problema do consulente.
          Este é inclusive um dos motivos que se indica não manipular odù se não se tiver o conhecimento necessário. Pode-se estar trazendo para perto de sí uma energia bruta não lapidada que pode influenciar a pessoa, sua casa e família de forma negativa se não for adequedamente conduzida e transformada. Se fosse simples não haveria necessidade de todo o conhecimento, todas as cerimônias de iniciação e todo o tempo de aprendizado no qual o olhador se alinha com as forças metafísicas e supernaturais que vão ajudá-lo no seu trabalho. Eu considero que não é apenas teoria ou cerimônias de iniciação, é necessário prática para que as engrenagens metafísicas de alinhem e se adaptem à pessoa.
         O conceito básico do uso do ebó (ẹbọ) é que temos um desequilbrio de energia e isto está afetando a nossa vida, assim precisamos corrigir o àṣẹ́ do consulente e isto é feito através do odù que recebemos e da energia que está contida em cada elemento do ebó (ẹbọ) . Olódumàrè quando criou cada elemento na terra colocou nele um espírito ou uma energia metafísica que da a ele um propriedade especial. As folhas são elementos poderosos na acumulação dessas propriedades e por isso extremamentes importantes ao uso que damos. Esta energia está então contida em cada elemento existente no aiyé e sera extraída e manipulada através de um “operador” qualificado. Este operador empresta a esse processo o seu próprio aṣẹ́ que funcionando como uma “quintessência” irá retirar a energia própria de cada elemento do ebó (ẹbọ).
          Seria muito simples se qualquer pessoa pudesse pegar um elemento “expremê-lo” e tirar dele a sua propriedade divina, como se tira o suco de uma fruta. As vezes isso pode ser assim e algumas pessoas tem o axé (àṣẹ) necessário para fazer isso e, por essa razão, é que algumas coisas funcionam quando feitos por uma pessoa e por outra não. O que eu penso é que esta propriedade divina, ou natural de cada elemento, não é um aṣẹ́ ainda no sentido que aṣẹ́ é a energia em movimento. Quem tem o aṣẹ́ somos nós seres vivos e o nosso aṣẹ́ é necessário para retirar a propriedade de cada material. É claro que as plantas estão vivas e por isso mesmo tem o axé (àṣẹ), isso é o que faz delas um componente tão importante e por isso que qualquer pessoa pode usar com bons resultados as ervas para fazer banhos. Independente do o axé (àṣẹ) dessa própria pessoa as folhas quando usadas frescas tem o seu próprio axé que é assim transmitido para quem recebe o banho.
          A liturgia de quinar as ervas com cânticos e encantamentos e feitos pelo próprio sacerdote é uma processo liturgico mais forte porque diretamente está havendo manipulação, transferência e amplificação do o axé (àṣẹ) do sacerdote através das folhas, que se soma ao o axé (àṣẹ) das ervas fazendo fluir e acumular no banho de ervas preparado e encantado uma “bateria” viva de o axé (àṣẹ).
          O uso de elementos preparados, manipulados e cozidos é uma outra variação e, através desse processo “alquímico”, estamos manipulando, transformando, amplificando e canalizando as propriedades de todos os elementos envolvidos para o fim que desejamos. Mas, nesse caso de elementos preparados, as suas propriedades são estáticas, como um alimento comum. A “virtude” existe neles, mas será o aṣẹ́ do sacerdote que irá colocar isso em movimento retirando deles essa propriedade e fazendo-a funcionar na forma de energia dinâmica, ou seja o axé (àṣẹ).
          Neste momento estamos também colocando em movimento uma aṣẹ́ muito mais importante que é o das divindades, os orixá (òrìṣà), que assistem o sacerdote e que irão se utilizar da propriedades desse elementos que estarão preparados para o uso através do seu o axé (àṣẹ). Aqui então entramos na área onde devemos entender as especializações das divindades. Cada orixá (òrìṣà) tem afinidades com elementos e locais que faze parte do aiyé. O sacerdote deve conhecer essas afinidades para que possa se utilizar disso.
          Desta forma ao usarmos o axé (àṣẹ) de uma divindade temos que conhecer os elementos que fazem parte de sua afinidade e a forma de serem preparados para a amplificação ou mesmo abertura de suas propriedades. A natureza e todo o aiyé é um repositório de energias metafísicas e o sacerdote deve, com um garimpeiro ou como um lavrador, procurar os locais onde ela aflora e se manifesta ou também cultivar locais onde estas energias se concentrarão. Um terreiro ou casa de santo é um local que é então preparado para acumular ou fazer aflorar a energia do aiyé e dos orixá (òrìṣà). Dessa forma muitos ẹbọ serão feitos na própria casa de santo. Em outros casos o sacerdote vai procurar o seu local de afloramento, circulação ou acumulação na própria natureza. Não se pode por exemplo ter a energia de uma praia dentro do terreiro, ou de uma estrada ou de uma encruzilhada, ou do alto de uma montanha, etc...
          É o conhecimento desse fundamentos que permite a um bom sacerdote ter os melhores e mais efetivos resultados. Uma pessoa com conhecimento e axé (àṣẹ) poderá amplificar as energias da natureza, dos elementos e dos òriṣà, obtendo os resultados mais efetivos. Os locais da natureza, o cuidado do sacerdote na manutenção do seu axé (àṣẹ) (pelas suas obrigações, observância de preceitos, afastamentos dos ewọ̀ do seu odù e orixá (òrìṣà)), as horas do dia e dias do mês (em função de horários e fase da lua mais apropriados) e as cantigas e encantamentos serão no seu conjunto e individualmente elementos que aplificarão a energia e por isso mesmo dão mais eficácia ao ebó (ẹbọ).
          Assim o ebó (ẹbọ) é formado pelo conjunto de tudo isso que citei aqui. Elementos que contém virtudes divinas e mesmo aṣẹ́, como é o caso das folhas, da energia que está na natureza, do axé (àṣẹ) dos orixá (òrìṣà) e do axé (àṣẹ) do próprio sacerdote, que ao longo de toda sua vida acumula não só conhecimento como também acumula aṣẹ́ para poder ser transmitido para que ele ajuda ou para retirar e ser amplificado pelos elementos que ele manipula.
        Não podemos esquecer que em todo este processo o Orí da pessoa foi o elemento ativo de comunicação e como uma divindade pessoal do consulente nada poderá ou ocorreu sem o seu consentimento.
          Assim quando a pessoa e seu Orí se sentam no espaço sagrado do olhador de Ifá este irá invocar ọ̀rúnmìlà para que este como o eleri ipin (ẹlẹ́rí ìpín), ou testemunho do compromisso entre o consulente e seu orí e olódùmarè, possa analisar a situação que está ocorrendo e avaliar se os problemas fazem parte do destino pessoal daquela pessoa ou não, são parte dos problemas de terra que podem ser eliminados ou amenizados. Neste momento ọ̀rúnmìlà é a boca através da qual falam o Orí, os orixá (òrìṣà) e ancestrais do consulente e, sem dúvida nenhuma olódùmarè que sempre está presente em nossa vida.          O odú contém ao mesmo tempo a mensagem e a solução do problema e tudo se faz através de energia e equilíbrio, mas sempre através das mãos das divindades que assintem a vida do consulente. Desta forma os elementos físicos que compõe o ẹbọ trazem suas energias individuais e seu axé (àṣẹ). O elementos físico será transmutado em energia que será utilizada como força a ser colocada em movimento por estas divindades para atuar na situação colocada.
          Por fim eu gostaria de abordar uma mistificação ligada a ebó (ẹbọ). De nenhuma maneira ao fazermos um ebó (ẹbọ) estamos alimentando divindades ou espíritos. Estamos dando início a uma roda de energia que irá ser movimentada em benefício do próprio consulente, ou seja, estamos dando ignição a uma corrente do bem. Desta maneira tudo o que é colocado em um ebó (ẹbọ) desde a qualidade dos elementos até o carinho que isto é feito irá retornar para nós mesmos.
Uma divindade não necessita de comer, o seu nível de evolução espiritual a coloca em uma condição que elas existem para nos ajudar e não ao contrário, mas, não estamos no Orun (ọ̀run) e sim no aiyé, desta maneira necessitamos transformar energia. Como todos sabemos energia não se cria do nada, se transforma a partir de uma fonte já existente. Por esta razão é que usamos o ẹbọ como uma fonte de energia que será gerada para que o que necessitamos de aṣẹ possa ser obtido.
         É ridícula a imagem que passam de que aquela comida vai agradar a algum orixá (òrìṣà) e que ele assim comendo e bebendo vai se dispor a nos ajudar. É também ridícula a fala de que um espírito não nos ajuda porque não o ajudamos ou o alimentamos. Minha opinião é que este tipo de mistificação é a primeira coisa que deve ser esquecida por alguém que quer aprender algo.Asé