quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

OBÍ



OBI – no âmbito cientifico


noz-de-cola é o fruto de uma árvore de aproximadamente de 6 a 8 metros de altura, pertencente as plantas do gênero Cole da subfamília Sterculioideae (Malvales). As variedades mais comuns são obtidas de várias árvores do oeste da África ou da Indonésia, como Cola nitida ou Cola vera e aCola acuminata. O grupo contém um total de 125 espécies. Raiz vertical e comprida, caule cilíndrico e ereto, revestido de casca acinzentada-brancacenta, espessa, folhas longas – pecioladas, alternadas, obovaladas, acuminadas, as vezes possuindo até 30 cm de comprimento e 10 cm de largura, pinnatu-nervadas, inteiras, coriáceas, verde escuro, vernicosas com pelos estrelados apenas quando jovens, estípulas caducas, flores polígamas, pequenas, amarelas, aromáticas. As femininas, estrelado-pilosas, dispostas em racimos auxiliares, freqüentemente também partindo do caule ou dos ramos velhos já desprovidos de folhas, fruto composto de 1 a 6 folículos, de 8 a 16 cm de comprimento e 6 a 7 cm de largura, em forma de estrela, lenhosos, lisos, de cor castanha, cada folículo encerrando 3 a 16 sementes de tamanho variável.
Originária da África Ocidental, também conhecido pelos nomes de abajá, café-do-sudão, cola, mukezu e obi, possui um gosto amargo e grande quantidade de cafeína, a noz-de-cola é usada por muitas culturas do oeste africano, tanto medicinalmente, quanto religiosamente, desde época muito remota. Muitas vezes é usada cerimonialmente ou oferecida aos convidados. Conhecida na Europa desde que os navegadores portugueses começaram a explorar a Costa Ocidental do Continente Africano, no inicio do século XVI, época esta em que o comércio do produto já era intenso de um a outro ponto da África, por exemplo: da Serra Leoa, onde abundava, para Senegambia, onde faltava. Nestes locais, vários navios, cada ano aportavam fazendo permuta por escravos e por ouro. Quando passou a existir a navegação direta entre à África e o Brasil, mesmo clandestina, a “Noz-de-Cola” já estava ao alcance dos africanos que aqui viviam , e a ela já estavam habituados desde a infância, pois muitas vinham de Angola e em maior escala no ex-Dahome atual República Federal do Benin.
A noz era utilizada originalmente para produzir refrigerante de cola, é o segundo principal ingrediente da Coca-Cola, o primeiro ingrediente são as folhas de coca, dai o nome "Coca-Cola".apesar de que hoje em dia o sabor destas bebidas produzidas em massa é artificial. Algumas exceções incluem a Red Kola da A.G. Barr plc, Harboe Original Taste Cola e Cricket Cola, a última feita de noz de cola e chá verde.
As sementes tem ação estimulante, regularizadora da circulação. Atuam como um tônico revigorizante (provavelmente o mais poderoso da natureza),age no metabolismo como um excitante do sistema nervoso e muscular. Tem propriedades antidiarréica e usada nos casos de anemia, convalescença de doenças graves, problemas estomacais e certas enxaquecas e sobretudo nas perturbações funcionais do coração, considerado poderosa tônico para o coração. As sementes contém: matérias protéicas, tanino, teobromina, cafeína e “vermelho de Kola”. Alimento compensador para quem viaja para regiões de recursos escassos e usadas por muitas pessoas como sucedâneo do cacau e do café.Devido à descarga de energia que provoca no corpo de várias maneiras, também é usada como eficiente emagrecedor. Muitas vezes é usada como depuradora da água potável.Na Jamaica e no Brasil é consumida como estimulante. Pode ser mastigada antes das refeições para estimular a digestão e o paladar. Devido ao grande desgaste energético que produz no corpo é usada para a perda de peso.
Como as folhas de coca, a noz de cola estimula e mantém-te acordado. Aumenta o poder de resistência e diminui o apetite. Melhora a concentração, aclara o cérebro, tem um efeito afrodisíaco único. Impulsiona as tuas capacidades normais como por exemplo o trabalho, esporte, dança e sexo.
Os efeitos secundários são similares aos da cocaína: inquietação e insônias. Deve ser consumida durante o dia, tomar noz de cola à noite pode resultar em falta de sono.
O uso prolongado e intenso pode causar habituação, insônia e nervosismo.
OBÍ – no âmbito religioso
O Obí é a semente sagrada da religião dos Òrìsà, assim como a hóstia é pára o Cristianismo, e em hipótese alguma é permitido parti-lo com instrumentos de aço ou ferro, este já vem com seus gomos delineados pela própria natureza e esta regra em abri-lo somente com as mãos e com o auxilio das unhas deve ser obedecida e a violação desta obrigatoriedade é quase que um sacrilégio.Não se trata simplesmente de "abrir" o obi, na verdade o ato é revestido de cerimônia com rezas e libações de água, as partículas que produzem as raízes do obi existentes dentro dele são retiradas com as unhas enquanto algumas exortações são proferidas. Insubistituível dentro do culto, esta presente em todas as cerimônias, desde o “nascimento” até a “morte” Muitos dentro da cultura não dão muito valor aos amplos detalhes quanto ao “jogo do Obí”, e é neles que se encontram todos os segredos relativos ao bom andamento dos ritos e cerimônias e do sucesso por eles esperados.Saber abrir um Obí e entender suas “mensagens” é o mínimo que se pode exigir de um sacerdote de qualquer ramificação das religiões afro-descendentes.
Os tipos mais conhecidos são:
O Obí Gbanjá, possui dois cotilédones (gomos) e não deve ser usado ritualisticamente, segundo os “padrões convencionais”, já que não possui propriedades sagradas e “àse” para utilizações litúrgicas. Seu uso mais comum são como alimentos e terapias alternativas, existem inúmerossacerdotes que o utilizam em ritualísticas restritas.
O Obí Abatá, possui de 3 à 6 cotiledones (gomos), são usados ritualisticamente para inúmerascerimônias dentro do culto aos Òrìsà e amplamente usado como consulta oracular (veja o mito abaixo). Oferenda por excelência de todas as divindades do Panteão Yoruba, com exceção de Sango. Os que possuem 4 gomos são os mais empregados nos rituais do Ibori, deve ser o primeiro alimento oferecido à este Imole. O Obí pode variar sua cor entre o rosa e o vermelho, mas todos com uma coloração clara em seu interior. Os mais raros são os Obí totalmente branco denominado pelo nome de Obí Efin, somente exigido pelos Òrìsà Funfun e mesmo assim deverá obrigatoriamentepossuir mais de 2 gomos.
A falta de esclarecimento e conhecimento de sacerdotes e sacerdotisas, levam inúmeras pessoas a exigirem exclusivamente em suas liturgias, o referido Obí branco. Esta “fissuração” em relação ao Obí branco, raríssimo de ser comercializado, incitam comerciantes inescrupulosos agirem de forma ilegal. Mergullhado em substâncias químicas, tais como ácido clorídrico e outras substâncias tóxicas, que visam alterar a cor natural do Obí, são comercializados livremente sem nenhuma inspeção dosórgãos competentes. Após esta “técnica criminosa” o Obí fica branco e para não comprometer ainda mais a sua estrutura, são mantidos em soluções diluídas de formoldeído. Esta “aberração” alem de apodrecidos, mau cheirosos e sobretudo venenosos, são oferecido as divindades e compartilhado em uma espécie de comunhão litúrgica entre os devotos.
Em Cuba, após o domínio do socialismo o Obí teve que ser substituído pelo coco, assim comoinúmeros outros ingredientes, e a falta do principal fruto da religião foi legado seu uso somente as cerimônias de iniciações e consagrações dos Òrìsà e algumas ritualisticas das quais sua presença é indispensável e insubistituivel.
O MITO
Foi Orunmila quem revelou como a noz-de-cola foi criada.

Quando Olodumare descobriu que as divindades estavam lutando umas contra as outras, antes de ficar claro que Esu era o responsável por isso, Ele decidiu convidar as quatro mais moderadas divindades (Paz, a Prosperidade, a Concórdia e Aiye, a única divindade feminina presente ), para entrarem em acordo sobre a situação ....
Eles deliberaram longamente sobre o motivo de os mais jovens não mais respeitarem os mais velhos, como ordenado pelo Deus Supremo.
Todos começaram então a rezar pelo retorno da unanimidade e equilíbrio. Enquanto estavam rezando pela restauração da harmonia, Olodumare abriu e fechou sua mão direita apanhando o ar.
Em seguida abriu e fechou sua mão esquerda, de novo apanhando o ar.
Após isso, Ele foi para fora, mantendo Suas mãos fechadas e plantou o conteúdo das duas mãos no chão.
Suas mãos haviam apanhado no ar as orações e Ele as plantou. No dia seguinte, uma árvore havia crescido no lugar onde Deus havia plantado as orações que Ele apanhara no ar.
Ela rapidamente cresceu, floresceu e deu frutos
Quando as frutas amadureceram para colheita, começaram a cair no solo.
Aiye pegou-as e as levou para Olodumare, e Ele disse a ela para que fosse e preparasse as frutas do jeito que mais lhe agradasse.
Primeiro, ela tostou as frutas, e elas mudaram sua textura, o que as deixou com um gosto ruim.
No outro dia, Ela pegou mais frutas e as cozinhou, e elas mudaram de cor e não podiam ser comidas. Enquanto isso, outros foram fazendo tentativas, no entanto todas foram mal sucedidas.
Foram então até Olodunmare para dizer que a missão de descobrir como preparar as nozes era impossível.
Quando ninguém sabia o que fazer, Elenini, a Divindade dos Obstáculos, se apresentou como voluntária para guardar as frutas. Todas as frutas colhidas foram então dadas a ela.
Elenini então partiu a cápsula, limpou e lavou as nozes e as guardou com as folhas para que ficassem frescas por catorze dias.
Depois, ela começou a comer as nozes cruas.
Ela esperou mais catorze dias e depois disso percebeu que as nozes estavam vigorosas e frescas.
Após isso, ela levou as frutas para Olodunmare e disse a todos que o produto das preces, Obí, podia ser ingerido cru sem nenhum perigo.
Olodumare então decretou que, já que tinha sido Elenini, a mais velha divindade em Sua casa quem conseguiu decodificar o segredo do produto das orações, as nozes deveriam ser dali por diante, não somente um alimento do céu, mas também, onde fossem apresentadas, deveriam ser sempre oferecidas primeiro ao mais velho sentado no meio do grupo, e seu consumo deveria ser sempre precedido por preces.

Olodunmare também proclamou que, como um símbolo da prece, a árvore somente cresceria em lugares onde as pessoas respeitassem os mais velhos.
Naquela reunião do Conselho Divino, a primeira noz de cola foi partida pelo Próprio Olodunmare e tinha duas peças.
Ele pegou uma e deu a outra para Elenini, a mais antiga divindade presente.
A próxima noz de cola tinha três peças, as quais representavam as três divindades masculinas que disseram as orações que fizeram nascer a árvore da noz de cola.
A próxima tinha quatro peças e incluía assim Aiye, a única mulher que estava presente na cerimônia.
A próxima tinha cinco peças e incluiu Orisa-Nla.
A próxima tinha seis peças representando a harmonia, o desejo das orações divinas.
A noz de cola com seis peças foi então dividida e distribuída entre todos no Conselho.
Aiye então levou a noz de cola para a Terra, onde sua presença é marcada por preces e onde ela só germina e floresce em comunidades humanas onde existe respeito pelos mais velhos, pelos ancestrais e onde a tradição é glorificada.

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