segunda-feira, 4 de junho de 2012

Ifá – Orunmilá


Ifá – Orunmilá

Orunmilá institui o oráculo
Naquele tempo não havia separação entre o Céu e a Terra.
Foi quando Orunmilá teve oito filhos. O primeiro foi o rei Ará, Alará. O segundo foi Ajeró, rei Ijeró. O filho caçula foi Olouó, rei da cidade de Ouó.
Havia paz e fartura na Terra.
Numa importante ocasião, quando Orunmilá celebrava um ritual, mandou chamar todos os seus filhos.
Vieram os sete primeiros filhos de Orunmilá.
Eles lhe prestaram homenagens, ofereceram – lhe sacrifícios, prostaram – se a seus pés batendo palmas, prostaram – se batendo pão, disseram as palavras de respeito.
Menos Olouó. Ele veio, mas não deitou aos pés do pai, não fez oferendas, não o homenageou como devia.
“Por que não demonstras respeito por teu pai?”, perguntou Orunmilá.
Olouó respondeu que seu pai tinha sandálias de precioso material, mas que ele também as tinha; que o pai usava roupas dos mais finos tecidos, mas que ele também as usava; que seu pai tinha cetro e tinha coroa e que ele os tinha também.
Que um homem que usa uma coroa não deve se prostar diante do outro, foi o que disse o filho ao pai.
Orunmilá se enfureceu, arrancou o cetro das mãos do filho e o atirou longe.
Orunmilá retirou – se para o Orum – o Céu, e a desgraça se abateram sobre o Aiê, a Terra: fome, caos, peste e confusão.
Parou de chover, plantas não cresciam e animais não procriavam, todos estavam em desespero. Os homens ofereceram a Orunmilá toda sorte de sacrifícios, todos os cantos.
Orunmilá aceitou as oferendas, mas a paz entre o Céu e a Terra estava definitivamente rompida. Os filhos de Orunmilá o procuraram no Orum e lhe pediram para retornar ao Aiê, mas deixou o oráculo para que as pessoas possam recorrer a ele quando precisarem.
Os filhos de Orunmilá eram assim chamados: Ocanrã, Ejiocô, Ogundá, Irosum, Oxé, Obará, Odi, Ejiobê, Osá, Ofum, Ouorim, Ejila – Xeborá, Icá, Oturopon, Ofuncanrã e Iretê.
São estes os nomes dos odus. São sete os filhos de Orunmilá. Cada odu conhece e segredo diferente. Um fala do nascimento, outro da morte, das guerras, perdas, amizade, traição, família, destino e sorte.
Desde então, quando alguém tem um problema, é o odu que indica o sacrifício apropriado.
Orunmilá disse: “Quando tiverem problemas, consultem o Ifá”. Orunmilá nunca mais veio ao Aiê, mas deixou o oráculo para que as pessoas possam recorrer a ele quando precisarem.
(mitologia dos orixás, página 442)


Culto de Ifá é oriundo das Religiões tradicionais africanas, ligado ao OrixáOrunmilá-Ifá da religião yoruba. Com a ida destas culturas para Brasil e Caribe, nos períodos do tráfico negreiro, alguns sacerdotes (chamados babalawo(yoruba) e Bokono (ewe/fon).) foram levados para estes países, estando ligados às religiões Candomblé (Brasil) e Santeria através da Regla de Ocha (Cuba).
culto de Ifá é um sistema divinatório, empregado na África e nos países para onde foi disseminado para decisões de cunho religioso ou social. Utiliza três técnicas diferentes (OpelêIkins e Merindilogun), que têm em comum osOdú-Ifá, os signos.
As mulheres também podem ser iniciadas no culto, quando passam a ser chamadas apetebis (esposas de Orunmilá), mas os sacerdotes – babalawôs – sempre são homens heterossexuais, sendo vedado às apetebis jogar Opelê ou Ikins. O Merindilogun é o jogo dos OBAORIATES sendo permitido as mulheres a usarem o EKURÓ. As pessoas ebomis que não são iniciadas em Ifá usam o OBANIKA.
Culto de Ifá tem um rígido e complexo sistema de conduta moral relativo a seus adeptos, expresso no Odu Ikafun, onde surgem os dezesseis mandamentos de Ifá.
Os primeiros a escreverem sobre Ifá no Brasil, obras publicadas em português foram sacerdotes Umbandistas. W.W. da Matta e Silva, conhecido como Mestre Yapacani já descrevia em 1956 um dos inúmeros sistemas de Ifá em suas obras. Seus discípulos, Francisco Rivas Neto (Mestre Arapiaga) e Ivan H. Costa (Mestre Itaoman) escreveram, nos anos 90, obras descritivas sobre o oráculo.


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