quarta-feira, 13 de julho de 2011

ATENTOS ...

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texto de ZENO MILLET*
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Geralmente, o preconceito se forma a partir da falta de conhecimentos adequados acerca de determinado assunto. E assim é com o candomblé. O povo negro, pelo próprio histórico de sua trajetória no Brasil, já sofre, naturalmente, com uma diversidade de discriminações. Com uma religião trazida por eles, não poderia ser diferente.
O candomblé não tem uma ‘escritura’. Não existe um livro litúrgico para esta religião e, assim sendo, toda a informação sobre as tarefas, orações, ritmos e rituais são aprendidos através da oralidade. Toda informação é transmitida através da palavra de geração para geração. Tudo é ensinado pelos mais velhos – e a obediência à hierarquia é o alicerce fundamental para a sustentação de um templo.
Para quem visita um terreiro de candomblé pela primeira vez, é prudente conhecer um pouco sobre o que vai encontrar. É importante saber que em um templo de candomblé não existem perguntas, mas deve-se sempre esperar por respostas.
O primeiro passo a ser dado por um visitante é ser o mais discreto possível – quase despercebido – e observar, atentamente, as reverências, gestos e atitudes dos filhos de santo.
No candomblé existe uma grande quantidade de objetos sagrados, uma vez que os deuses desta religião é a própria força da natureza.
Portanto, é preciso ter cuidado para não tocar em objetos que só podem ser tocados por filhos de santo (e muitas vezes só os mais graduados), não sentar em qualquer lugar, pois existem muitos altares em qualquer parte do terreiro, não entrar em qualquer recinto porque alguns santuários são de acesso restrito, não tocar nas guias (contas de vidro) usadas pelos abians(1) e filhos de santo – pois trata-se de uma representação do Orixá de quem as usa, portanto só deve ser manuseada por ele mesmo ou pela Iyalorixá.
Pode parecer que são muitos ‘nãos’, mas trata-se de uma cultura diferente, com valores, padrões, atitudes, etc., que no cotidiano não se está habituado a conviver.
(1) Pessoas no primeiro estágio da iniciação
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*Zeno Millet – Neto de Mãe Menininha do Gantois; Baba Egbé Otum

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