quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Nação Jurema Nagô

A Nação Jurema Nagô é um culto híbrido, nascido dos contatos ocorridos entre 

as espiritualidades indígena, européia e africana, contatos esses que se deram
em solo brasileiro, a partir do século XVI, com o advento da colonização.
Consistindo na miscigenação dos cultos, a nação é sustentada por 3 pilares: o
candomblé Nagô Egbá, a Jurema Encantada e Catimbó, e o que tudo isso engloba em
suas raízes.

Entendendo a origem

Essa nação, embora concentrada na região do nordeste brasileiro e pouco
difundida para outras regiões, tem sua origem a mais de 500 anos na própria
história do Brasil. Antes do Brasil ser descoberto já existia os cultos e ritos
indígenas, conhecido como Encantaria que por sua vez é baseada na junção dos
rituais existentes no Brasil (antes da colonização) como xamismo, pajelança,
entre outros cultos indígenas. Seu culto era voltado para a terra (flora e
fauna) e os encantados que aqui habitavam, tendo como figura sacerdotal os pajés
e xamãs.
Após o período de catequização dos índios sofremos a primeira miscigenação
étnica religiosa no culto brasileiro (a Encantaria), tendo misturado muitos
valores do catolicismo. Com o passar da história tivemos todo o processo de
colonização e o regime escravagista, trazendo para nossa terra os escravos, os
negros da África. Junto com os primeiros escravos (povo Bantu), os iorubanos (o povo Nagô da região do Daomé
principalmente??), vieram seus costumes, cultura, suas tradições e
religiosidade, que apesar de não serem aceitas eram praticadas em sigilo,
sincreticamente.
Em paralelo o Brasil recebia os europeus, que vinham explorar nossa terra e
também contribuir para a miscigenação étnica religiosa do Brasil.  Com os
europeus vieram suas práticas religiosas como catolicismo e práticas de magia
(principalmente a portuguesa e italiana).
Obs.: Nesse atual cenário conseguimos perceber que temos a Encantaria
miscigenada com os valores católicos, e o culto afro miscigenado também com os
valores católicos.
Com o passar do século, por volta do século XVII, surgiu o Catimbó
consistindo na fusão das práticas nativas com as práticas religiosas europeias.
(Atualmente o Catimbó é muito praticado em todo Brasil, principalmente no
nordeste brasileiro).
O regime escravagista continuou ganhando força e os negros africanos
continuaram a desembarcar no Brasil. Os negros vinham de várias partes da África
nesse período, especificamente o povo Nagô (compreendendo, religiosamente, as
nações: Nagô Egbá, Ketu, etc), desembarcando especialmente na região de
pernambuco e no nordeste brasileiro.
A resistência negra á escravidão aumentava a cada dia, fazendo com que os
negros fugissem das senzalas para os quilombos que foram criados para refugiar
os negros, sendo secretos e de difícil acesso. Para chegar aos quilombos os
negros tinham que percorrer grandes caminhos e por inúmeras vezes, antes de
chegar aos quilombos, eram abrigados nas casas dos habitantes vizinhos que eram
favoráveis a causa dos negros, inclusive, ficando até por longo período de
tempo. Muitos dos abrigadores dos negros eram catimbozeiros, que ao abrigar o
negro abrigava também toda sua cultura e costume, assim como o negro absorvia as
práticas do catimbó. Com o passar dos anos essa troca de experiências acabou por
miscigenar o catimbó com o culto aos orixás da nação Nagô Egbá, constituindo uma
nova religião/nação conhecida como Catimbó-Jurema ou Jurema Nagô. Um culto
híbrido, nascido dos contatos ocorridos entre as espiritualidades de origem
indígena, européia e africana.
Com certeza é uma das religiões mais brasileiras que existe, pois assim como
a construção do Brasil a Jurema Nagô é baseada na miscigenação de vários cultos,
religiões, costumes, etnias, etc. A mistura e a evolução é a base da Nação
Jurema Nagô que hoje também, de alguma forma, é composta pela Umbanda,
Kardecismo, entre outros.

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